Humberto Pignataro (1928-2009)


Nasceu em Natal (RN), filho de Francisco Pignataro (1898-1977) e D. Emília Pessoa Pignataro (1902-1991).

Casou-se com D. Lenira Ramos Pignataro, filha de Severino Lucena Ramos e D. Maria Queiroga Ramos.

Foi um corretor de imóveis, faleceu em Natal e foi sepultado em Parnamirim (RN).

Descendência:

F. Maria de Fátima Ramos Pignataro
F. Katia Maria Ramos Pignataro

 

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Humberto Pignataro: dois anos de saudades

Diogo Pignataro de Oliveira (neto de Humberto Pignataro, advogado e professor da UFRN)


Há praticamente dois anos, no dia 10 de Fevereiro de 2009, nos deixava, com bastante pesar sentido em todos aqueles que o conheciam, Humberto Pignataro. Figura ímpar na sociedade natalense, conhecido por aqueles de maior ou menor idade, sem distinção alguma, o qual detinha, talvez sem nem saber ao certo, uma veia poética cômica inspiradora da sua própria vida, a qual, inconscientemente (ou não), inspirava diversas outras.


Qualquer contato que alguém teve algum dia com Humberto Pignataro (aqueles que o conheciam sabe do que falo), se transformava em um início do enredo de alguma estória, algumas verdadeiras, outras nem tanto. Quando não sabia a verdade, certa vez disse um amigo seu, ele inventava. E assim era tal pessoa, com a qual tive a felicidade (sem conseguir encontrar outra palavra com sentido mais forte) de usufruir da convivência por vários anos da minha vida, de forma especial.


Humberto Pignataro não discriminava ninguém por sexo, raça, cor, religião, idade, situação financeira, etc., tratando a todos indistintamente. Integralmente dedicado à sua família, foi um pai altamente presente em todos os momentos; um avô extraordinário que fazia questão de acompanhar o passo a passo dos netos, inclusive, mas não principalmente, no momento em que os homens começavam a entender de futebol e a fazer suas escolhas de torcedor (todas democraticamente escolhidas e exercidas por toda a vida com muito amor!). Isto sem falar, é bem verdade, na sua relação inseparável e de quase devoção à minha avó, Lenira, nascedouro de tudo, fonte inspiradora para toda a família.


Com todos esses predicados de excelente qualidade, da genuína estirpe do casamento do povo ítalo-brasileiro, facilitados pela sua completa ausência de dificuldade em estabelecer relações pessoais com quem quer que fosse, Humberto Pignataro conquistou diversas amizades verdadeiras (outras nem tanto) com pessoas da mesma índole (outras nem tanto) que a sua, em Natal e fora daqui. Em decorrência daquilo que ela o era, nos fez passar lições de vida, ensinadas quase que diariamente, até mesmo nos momentos mais difíceis de sua vida, quando da debilitação de sua saúde.


Falo particularmente daquilo que posso testemunhar, dizendo que grande parte dos valores éticos e morais que carrego em minha vida, nas relações pessoais que construo, nas atitudes tomadas, assim como até na continuidade daquilo que é considerado “assunto da família”, devo ao meu avô, daquilo que era, simplesmente. Provedor de lições vastas sem nem sequer precisar chamar alguma atenção, sem nenhum giz ou pincel, sem nenhuma cadeira envolta, sem nenhum diploma para tanto. Posso categoricamente afirmar, inclusive, que Humberto Pignataro era um Professor da vida, um Mestre na arte de viver e de ensinar às pessoas que o que levamos daqui da Terra, considerado o mais valioso que Deus nos deu, é a arte de amar a si e ao próximo, nas diversas formas possíveis que este verbo nos disponibiliza.


Adentrando de forma bastante resumida em sua história de vida, Humberto Pignataro atuou em toda ela na função de corretor de imóveis, tendo começado muito cedo, com apenas 14 anos. Foi, então, o primeiro a atuar dentro da cidade de Natal, exercendo as suas atividades a partir do ano de 1942, quando o comerciante José Palatinik loteou um terreno localizado em frente à Maternidade Januário Cicco. Desde então, não parou mais. Seus loteamentos estão presentes em praticamente toda a cidade de Natal e também fora dela. Fez surgir bairros, conjuntos e entornos de ruas e avenidas importantes. Dentre os loteamentos, destacam-se: o bairro das Quintas, Dix-Sept Rosado, Morro Branco, Nova Descoberta, Hermes da Fonseca e entorno da Praça Augusto Leite, ambos no Tirol e o conjunto Mirassol, pertencente ao seu pai, Francisco Pignataro. Na Zona Norte, o Conjunto Santa Catarina pertencia e também foi loteado por ele; o Gancho de Igapó (lado esquerdo, sentido Natal-Redinha) e Redinha Nova. Em praias ao longo do litoral norte, como Porto Mirim, em Ceará-Mirim, Rio do Fogo e Touros, também. E do litoral sul, como Pium e Pirangi. Na Zona Sul de Natal, loteou áreas de Ponta Negra, tanto na região de casas de veraneio, como na própria Vila, como o Conjunto Alagamar, pertencente ao seu pai. Foi, ainda, Diretor da COSERN e da EMPROTURN, ambos no Governo de Cortez Pereira.


Afora a seara profissional, destaca-se em Humberto Pignataro sua atuação como dirigente do América Futebol Clube nos anos 60, primeiramente como Vice- Presidente, tendo sido posteriormente eleito Presidente, responsável, junto a alguns outros abnegados de carteirinha, pela maior agregação de patrimônio ao clube, seja pela construção da Sede Social da Rodrigues Alves, seja pela aquisição de vários imóveis para o clube (casos das áreas onde existia a Pousada do Atleta – Capim Macio e onde hoje se situa o Centro de Treinamento), através de esforços incríveis travados conjuntamente com tais abnegados, contados detalhadamente em seu livro publicado em 2007, intitulado “Memórias de um Ex-Presidente”. Também foi Fundador de Sete Lojas Maçônicas no Rio Grande do Norte, do Lions Clube Centro e Lions Leste, do Rotary, da SOAMAR (Sociedade Amigos da Marinha) e do CLUBE DOS CEM.


Nesta semana, portanto, em que se completam dois anos de sua partida deste mundo, espero absorver cada vez mais aquilo que ele defendia, aquilo que pensava, haja vista que Humberto Pignataro, apesar das lembranças e saudades eternas, não nos consegue deixar tristes ao lembrarmos que não está mais presente. Pelo contrário, pessoalmente, ao me recordar de momentos com meu avô, posso até me emocionar e chorar, porém em seguida vem um sorriso, relembrando algo dito ou celebrado por ele. Afinal, Humberto nos deixa um enorme legado, sem ser patrimonial ou coisa do tipo, longe disso; um legado para que possamos, quem sabe, fazer como ele: rir com a alma! Beijos e abraços vô... 
Extraído de: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/humberto-pignataro-2-anos-de-saudades/172010. 07.viii.2022





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Pesquisador: Gustavo José Barbosa. Contato: gustavoufpb@outlook.com